Quando me foi diagnosticado Lúpus, tive momentos em que senti-me completamente perdida.
Fui com a minha mãe tentar perceber o que era viver com a doença, mas aquilo que me transmitiram foi que a vida que eu conhecia tinha terminado ali. Todos os meus sonhos não existiam mais. A senhora com quem falámos disse-me que já não podia fazer as coisas que eu tanto gostava. Já não podia correr, dançar, fazer desporto, parecia que tinha de ficar para sempre quieta. Até na minha futura profissão opinou. Tinha de ser algo atrás de uma secretária.
Saí de lá a acreditar naquilo tudo. E durante muito tempo acreditei e vivi com as palavras dela dentro na minha cabeça.
Não foi fácil para uma miúda de 18 anos ouvir aquilo tudo.
Passei muito tempo fechada em casa e em mim mesma.
O médico, também não tinha boas notícias, dizia que eu não podia apanhar sol (porque em certos casos de lúpus o sol faz mal), que tinha de andar sempre de manga comprida, chapéu.
De todos os lados só ouvia o que eu não podia fazer. A palavra não ecoava na minha cabeça. Fiquei completamente confusa e perdida. Cheguei a deixar de sonhar.
O Lúpus
O lúpus apareceu na minha vida quando eu tinha 18 anos. A minha vida mudou toda nessa altura. Fizeram-me acreditar que nunca mais podia ter uma vida normal. Passei por momentos complicados, difíceis e deixei de fazer muitas coisas, por ter dentro de mim uma crença limitadora, a crença de que não era capaz. Eu acreditava mesmo nisso. Acreditava que por ter Lúpus não era igual às outras pessoas e que tinha uma vida limitada.
Passado alguns anos e aos poucos, fui percebendo os meus limites e percebi que nada estava acabado, só tinha de me adaptar.
Várias vezes fui parar a camas de hospital e posso dizer que venci todas elas. Umas foram mais fáceis, outras mais assustadoras. Mas em todas aprendi o sentido da fé, da aceitação.
Hoje sou prova viva que tudo é possível. Que podemos fazer tudo, que podemos ser tudo o que quisermos.
Hoje não me limito, eu vou, experimento e adapto ao que posso, ao que sou.
Hoje sou uma pessoa completa e feliz.
O lúpus faz parte de mim, assim como eu faço parte dele. E por isso decido andar de mãos dadas com ele.